O mercado financeiro reagiu com euforia à confirmação da condenação unânime do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, levando a Bolsa brasileira a fechar acima dos 83 mil pontos pela
primeira vez na história. O dólar também reagiu e recuou para R$ 3,16,
influenciado ainda por declarações do secretário do Tesouro americano.
O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, teve alta de 3,72%, para 83.680
pontos, em novo recorde nominal. Foi a maior alta diária em um ano, desde 3 de
janeiro de 2017. Corrigida pela inflação, a Bolsa ainda está bem distante dos
73.516 pontos de maio de 2008, que hoje equivaleriam a cerca de 130 mil pontos.
No mercado cambial, o dólar
comercial recuou 2,43%, para R$ 3,160. É o menor valor desde 13 de outubro de
2017, além da maior queda diária da moeda americana desde 19 de maio do ano
passado, dois dias após o vazamento da notícia da delação do empresário Joesley
Batista, da JBS. O dólar à vista, que fecha mais cedo, caiu 1,84%, para R$
3,180.
O placar de 3 a 0 já vinha
sendo precificado no mercado financeiro desde o início do ano, aliado a uma
conjuntura internacional que favorece os investimentos em risco. No ano, o
Ibovespa acumula alta de quase 9%.
Já são 20 recordes nominais
da Bolsa brasileira desde setembro do ano passado -11 deles só neste mês.
"Vimos uma pressão compradora durante a sessão inteira, com o dólar
recuando de forma mais intensa após os votos. O mercado viu com bons olhos a
forma como foi conduzido o julgamento", afirma Alexandre Wolwacz,
sócio-fundador do Grupo L&S.
A razão para o otimismo do
mercado com a notícia, diz Wolwacz, está na possibilidade de o ex-presidente ficar
de fora da disputa eleitoral de 2018. "Os investidores não querem que o
Lula volte como presidente. Eles não acham que um governo de esquerda terá um
efeito positivo para a situação fiscal do país", diz. "Não existe
como o Brasil se sustentar economicamente sem uma modificação do sistema de
gastos atual. Essa é a preocupação principal."
Para ele, a Bolsa pode
começar, nos próximos dias, um movimento de realização de lucros. A avaliação é
o que o preço de muitos ativos está esticado.
Alvaro Bandeira, economista-chefe
do home broker Modalmais, avalia que a novidade no julgamento foi a ampliação,
pelo revisor Leandro Paulsen e pelo relator João Pedro Gebran, da pena do
ex-presidente para 12 anos e um mês de prisão. Em julho de 2017, o juiz Sergio
Moro havia dosado a sentença em 9 anos e meio.
AÇÕES
A euforia no mercado
financeiro fez 60 das 64 ações do Ibovespa fecharem em alta nesta quarta.
Somente quatro caíram: Fibria (-3,43%), Suzano (-0,95%), Cielo (-0,92%) e Ambev
(-0,05%). Mas o grande destaque da sessão foram as ações de estatais, que
dispararam com a confirmação da condenação de Lula.
A maior alta do Ibovespa foi
registrada pelas ações preferenciais da Eletrobras, que subiram 9,69%. As
ordinárias avançaram 7,83%.
A Petrobras também teve forte
valorização. Os papéis preferenciais subiram 5,74%, para R$ 19,34, enquanto os
ordinários avançaram 6,40%, para R$ 20,63.
O Banco do Brasil disparou
7,93%, para R$ 37,99.
"A Petrobras puxou bem o
índice, assim como o Banco do Brasil. As estatais costumam reagir bem toda vez
que se afasta a possibilidade de um governo populista voltar ao poder",
afirma Wolwacz.
A notícia animou outras ações
do setor financeiro. O Itaú Unibanco subiu 4,81%. As ações preferenciais do
Bradesco avançaram 5,43%, e as ordinárias tiveram alta de 6,38%. As units
-conjunto de ações- do Santander Brasil ganharam 4,71%.
A mineradora Vale também se
beneficiou desse cenário positivo. As ações ordinárias da empresa subiram
2,23%, para R$ 41,78.
CÂMBIO
Das 31 principais moedas do
mundo, o real foi a que mais ganhou força em relação ao dólar. Mas o dia foi de
enfraquecimento da divisa americana no mundo.
Além da confirmação da
condenação de Lula, pesaram no mercado declarações do secretário do Tesouro dos
EUA, Steven Mnuchin, de que a fraqueza do dólar era positiva para a balança
comercial americana.
O CDS (Credit Default Swap,
espécie de seguro contra calote) do Brasil fechou em baixa de 5,17%, para 146,1
pontos, interrompendo cinco dias de alta.
No mercado de juros futuros,
os contratos mais negociados fecharam em baixa. O DI para abril e 2018 recuou
de 6,725% para 6,705%. O DI para janeiro de 2019 teve baixa de 6,900% para
6,820%. Com informações da Folhapress.
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